quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Annie

Querido leitor,

É provável que você sequer saiba que meu nome é Annie, mas mesmo assim já passou por mim várias vezes e me condenou pelo que estava fazendo. É provável que você sequer se lembre do meu rosto, talvez o vidro do seu carro seja escuro demais para ver as marcas roxas que tenho em volta de meus olhos. É provável que você sequer imagine a história da minha vida. É provável que você sequer imagine que quando eu tinha apenas 5 anos de idade minha mãe morreu de câncer, restando apenas eu, meu irmão e meu pai em casa. Talvez você nem imagine que meu pai gasta cada centavo que ganha, com bebidas e mulheres, e se esquece que tem de cuidar de dois filhos. É provável que você nunca tenha recebido maus tratos de um alcoólatra, mas te garanto uma coisa: dói, e dói bastante, o pior não são os socos, mas tudo aquilo que tenho que ouvir de um homem totalmente sem esperanças, o que me fez descobrir que palavras podem ferir bem mais do que agressões físicas. É provável que você nunca teve que ouvir o choro do meu pequeno irmãozinho de 6 anos por não comer nada há 2 dias. Talvez você não saiba que por isso, tive que dar o meu jeito, me envolver com coisas e pessoas perigosas, só pra que ao final do dia tenha ao menos um pão na mesa. É provável que você não tenha nem idéia do quanto essas coisas perigosas podem te prender em tão pouco tempo e tornar a sua vida mais infeliz do que nunca, ao ponto de querer acabar com tudo de uma vez.

Tenho quase certeza de que não irá se lembrar de mim, mas quando tinha 10 anos vi você com um livro de capa preta na mão, indo, sorridente, para um lugar com uma cruz em cima. Você olhou em minha direção e eu esperei ansiosa que viesse falar comigo, você parecia tão feliz, eu queria isso pra mim também. Mas você não disse nada, e seguiu olhando para frente. Talvez se você tivesse dito alguma coisa, toda a história da minha vida, que você leu aí em cima tivesse sido diferente. Talvez eu pudesse ter acredito nas suas palavras, talvez eu pudesse ter ido com você para o lugar com a cruz, é provável que eu tivesse estudado mais e me esforçado para viver de uma maneira digna e poder dar ao meu irmãozinho um futuro melhor que o meu. Talvez meu pai também pudesse ter acreditado nas palavras do livro preto, e apagar para sempre as marcas roxas que carrego em meus olhos. Talvez eu tivesse alegria, acima de tudo esperança. É, talvez, mas agora já é tarde demais.

"Viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas". Marcos 6.34

Veja o vídeo inteiro.


Ainda existem muitas Annie's por aí, talvez para elas ainda não seja tarde demais, talvez ainda haja esperança. Se nós nos comportássemos como verdadeiros seguidores do Filho de Deus e nos compadecêssemos das almas perdidas, talvez o futuro de muitas pessoas fosse diferente. É, talvez.

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