terça-feira, 4 de outubro de 2011

A casa - parte 3

A sala de recreação: Perguntou-me também se tinha algum lugar aonde eu ia, para divertir-me e estar com outras pessoas. Eu estava desejoso que Ele não averiguasse muito sobre isso. É que havia algumas amizades e atividades que me parecia melhor mantê-las em privado.
Uma tarde, quando eu saía com alguns amigos, deteve-me com o seu olhar e perguntou-me: “Vais sair?”
“Sim”, respondi.
“Que bom!”, replicou, “Gostaria de acompanhar-te”.
“É que, Senhor...”, disse um tanto incomodado, “não creio que realmente queiras desfrutar do lugar para onde vamos. Por que não saímos juntos tu e eu amanhã à noite? Poderíamos ir ao estudo bíblico na igreja; mas esta noite tenho outro compromisso”.
“Desculpa-me”, interpôs o Senhor, “mas eu acreditava que quando me convidastes à tua casa era para fazermos todas as coisas juntos, para sermos companheiros. Apenas quero que saibas que estou disposto a ir contigo, se quiseres”.
“Bem”, murmurei, enquanto saía, “iremos juntos a algum lugar amanhã”.
Essa noite foi interminável. Senti-me muito mal. Que tipo de amigo era eu para Jesus, deixando-lhe deliberadamente fora da minha vida, indo a lugares e fazendo coisas que eu sabia muito bem que Ele não desfrutaria?
Quando regressei, havia luz em seu quarto. Então, subi para falar com Ele e lhe disse: “Senhor, aprendi a lição. Agora entendo que não posso sentir-me bem sem a tua companhia. De agora em diante, faremos tudo juntos”.
E voltamos à sala de recreação. Fora transformada. Trouxe novos amigos, novas satisfações, novas alegrias. Desde então há sons de música e de alegria por toda a casa.

Meu armário pessoal: Um dia encontrei-o esperando-me à porta. Olhou-me fixamente: “Há um cheiro estranho na casa”, disse-me, enquanto eu entrava. “Certamente há algo morto em alguma parte. É em cima. Creio que é no armário do corredor”.
No mesmo instante eu soube exatamente a que Ele se referia. Havia um pequeno armário junto à escada, na parte de cima. Não era muito grande, mas ali, debaixo de chave, eu guardava algumas coisas pessoais que eu não gostaria que ninguém soubesse.
Naturalmente, também não desejava que Cristo as visse. Sabia que eram coisas mortas e apodrecidas que pertenciam à minha vida anterior. Entretanto, as considerava tão minhas que me negava a admitir o estado em que se encontravam.
Segui-o com relutância e, enquanto subíamos a escada, o cheiro se fazia cada vez mais inte
nso. Ele observou a porta. Eu estava enojado; não sei como explicar. Eu lhe dera acesso à biblioteca, à sala de jantar, à sala de estar, à minha oficina, à sala de recreação e agora estava me questionado a respeito de um armário de um metro por sessenta centímetros. “Isto é demais”, disse para mim mesmo, “Não lhe darei a chave”.
“Bem”, disse Ele, lendo os meus pensamentos, “se acreditas que eu vou ficar aqui com este cheiro, estás equivocado. Vou para fora, para o pátio”. E começou a descer lentamente a escada.
Quando alguém chega a conhecer a Cristo e amá-lo, o pior que pode acontecer é perceber que ele está tomando distância, que nos retira da sua comunhão. Tive que ceder.
“Darei-te a chave”, disse-lhe com tristeza, “mas terás de abrir o armário e limpá-lo. Eu não tenho forças para fazê-lo”.
“Simplesmente dá-me a chave, dá-me a tua permissão para ser o responsável por esse armário e pelo que está dentro, e o farei”.
Com os dedos trêmulos, entreguei-lhe a chave. Tomou-a, caminhou até a porta, abriu, entrou e tirou tudo o que estava apodrecendo ali. Depois limpou a armário e o pintou. Tudo em um instante. Que vitória, que liberdade ter essas coisas mortas retiradas da minha vida!

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