domingo, 22 de janeiro de 2012

Os Sofrimentos de seu Coração Partido

VENHA COMIGO, POR UM MOMENTO, para testemunhar aquela que talvez tenha sido a noite mais escura da história. A cena é bastante simples; você a reconhecerá rapidamente. Um bosque de oliveiras retorcidas. Grandes pedras espalhadas pelo chão. Uma cerca de pedra bem baixa. Uma noite escura, muito escura.
Agora veja a cena. Olhe com atenção por entre a folhagem. Vê aquela pessoa? Aquela figura solitária? O que ela está fazendo? Está estirada no chão. O rosto está sujo de poeira e lágrimas. Os punhos golpeiam o chão duro. Os olhos estão arregalados pelo estupor do medo. O cabelo está emaranhado pelo suor salgado. A quilo na sua testa seria sangue?
É Jesus. Jesus no jardim do Getsêmani.
Talvez você já tenha visto o retrato clássico de cristo no jardim. Ajoelhado perto de uma grande pedra. Vestes brancas como a neve. Mãos tranquilas unidas em uma oração. Olhar de serenidade no rosto. Um halo sobre a cabeça. Uma luz, como a de um refletor, descendo do céu, iluminando-lhe o cabelo castanho claro.
Bem, não sou artista, mas posso lhe dizer. O homem que fez aquela pintura não se baseou no evangelho de Marcos. Quando escreveu sobre a noite dolorosa, ele usou frases como: "Começou a ficar aflito e angustiado", "A minha alma está profundamente triste" e "Indo um pouco mais adiante, prostrou-se"
Por acaso isso se parece com a imagem de um Jesus pio, descansado na palma da mão de Deus? Dificilmente. Marcos usou tinta preta para descrever essa cena. Vemos um Jesus agonizante, tenso e em conflito. Vemos "um homem de dores"(IS 53.3).
Vemos um homem brigando contra o medo, lutando com comprometimentos e desejoso de obter alívio.
Vemos Jesus na obscuridade de um coração partido.
Mais tarde, o autor de Hebreus escreveria: "Durante os seus dias de vida na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em alta voz e com lágrimas, àquele que o podia salvar da morte" (EB 5:7).
Puxa, que imagem! Jesus sente dor. Jesus está com medo. Jesus está recoberto não de santidade, mas de humanidade.
Da próxima vez que o obscuridade o encontrar, seria bom relembrar de Jesus no jardim. Da próxima vez que achar que ninguém o entende, releia o capítulo 14 de Marcos. Da próxima vez que a autopiedade convencê-lo de que ninguém se importa com você. faça uma visita ao Getsêmani. E da próxima vez que ficar na dúvida se Deus realmente percebe a dor que predomina neste planeta poeirado, ouça-o orando por entre as árvores retorcidas.
DA PRÓXIMA VEZ QUE FOR CHAMADO A SOFRER, preste atenção. Talvez seja a situação na qual você chegará mais perto de Deus. Olhe com cuidado. É bem possível que a mão que se estende para conduzi-lo á saída da obscuridade seja uma mão perfurada (de Jesus).

Max Lucado

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